terça-feira, 29 de outubro de 2019

Cansada e derrotada

Hoje sinto-me cansada e derrotada, como já não me sentia a algum tempo. Respiro fundo imensas vezes para tentar deixar a dor passar. Que doa tudo agora para que não doa mais depois. Que esta dor me deixe entender tudo o que é importante, ou o que possa não ser. A lua fala comigo, pede-me calma, paciência, logo a mim, mulher da tempestade. Apesar de não ser a calmaria em pessoa, concordo com ela. Se eu ficar muito quiéta, pode ser que a dor passe por mim e não me veja. Choro na noite calada, só para ela me ouvir e isso acalma-me, deixa-me de alma limpa. Ela que estava tão suja de um amor não correspondido. Todos os dias quero quebrar este silêncio, dizer tudo o que não tive oportunidade mas não deixo, temo que tudo o que diga vá ser dito com ódio então prefiro não dizer, prefiro o meu silêncio ser barulhento apenas na minha mente. Aprendi uma grande lição, o silêncio pode ser barulhento para aqueles que o souberem ler. Deixei-te em paz, tal como tu deixas o tempo passar e afastar-me cada vez mais, deixei-te em paz. Sei que não me irás confortar amanhã, também sei que não me sei confortar, não me sinto muito preocupada porque sei que me estou a curar. Sei que me vou curar. Não quero pensar mais sobre este assunto, porque foi a pensar que afastei muita gente da minha vida e também te afastei a ti. A única coisa em que irei pensar, será o lado bom do que a tempestade deixou. O teu olhar, o teu nariz, o teu sorriso, o teu cheiro e tudo aquilo que deixou ficar; quanto eu daria para viver tudo de novo. Talvez um dia te mostre no que te tornaste em mim, talvez um dia te mostre tudo o que escrevi para ti, talvez um dia te mostre tudo o que fiz para ti. Ou talvez não, ou talvez seja egoísta uma vez e guarde tudo para mim. Talvez me deixe continuar neste silêncio que tão bem grita o que eu sinto. 
Entraste no meu coração como alguém à muito não entrava mas agora preciso de cuidar de mim. Aprender a gerir esta distância que nos separa. Aprender a controlar esta fúria que me consome. Aprender a colocar-me em primeiro lugar. Aprender a respeitar-me. Aprender a pedir menos de mim. Aprender a gostar de mim. 
Apesar de ainda te idolatrar, sinto que estava realmente perdida e que esta escolha foi um sinal e não um final. Não esperaria outra coisa de ti, ao fim ao cabo, sempre foste o meu guia; meu sol e minhas estrelas.
Não sei como será o futuro daqui para a frente, nem sei o que este me reserva. Hoje, pela primeira vez, também não quero saber. Entrego-me de livre vontade a ele para que ele faça o seu trabalho. Sinto que seja o que for, será bom, será melhor. 
Agora sou escrava do tempo, entreguei-me a ele de corpo e alma; a única coisa que eu peço é que este não me desiluda. Estou de esperança em punho à espera que ele me ouça. 

sábado, 26 de outubro de 2019

O que não tens coragem de dizer

" A minha namorada é a mais bonita deste mundo. Não só pela sua beleza extrerior mas também pela sua presença. Ela tem qualquer coisa desde muito nova, apesar de não saber explicar o quê posso dizer-vos para tentarem entender que ela é o primeiro amor de muitos que nunca tiveram coragem de se chegar a uma mulher tão grande como ela e é o último amor de tantos mais. Acredito que muitos, inclusive sonhem com ela, tê-la uma vez, porque tê-la num sonho remoto é melhor do que não a ter de todo. 
É morena, tem a pele gelida mas rosada nas bochechas, olhos grandes, verdes com um brilho diferente e apesar de bastante desastrada; anda na rua com uma confiança de invejar. Às vezes, vejo-a a caminhar e pergunto-me o que ela pensa, o que se passa naquela cabeça para caminhar numa rua cheia e conseguir transmitir que tem tanto para contar. O mais cativante é que ela nunca se importou ou esforçou para tal. É muito gentil, justa e cordeal. Assim como a sua pele é bastante fria, não sei se por defeito, feitio ou se uma máscara que usa desde muito nova mas atrevo-me a dizer que raramente a vi chorar. Pena minha. 

Tive-a tanto tempo, de todas as formas que podem imaginar. Vi-a dormir nas mais variadas posições e com imensos pijamas diferentes. Maquilhada, pronta para arrasar o mundo; desmaquilhada, acabada de acordar. Imensas vezes a sorrir, rir e gargalhar, quero imaginar que a fiz feliz. Vi-a irritada, bater com os joelhos nas coisas, não imaginam quantas nódoas negras vi dela por ser desastrada. Vi-a emocionar-se em salas de cinema mas sem soltar uma única lágrima. Vi-a ler, aprender, lutar, desmanchar, cantar, dançar, jogar e cozinhar; que bem que ela o faz. Vi todas as mensagens dela, algumas não respondia, outras desviava. Vi-a a falar comigo e por vezes não a ouvia; ela adorava falar comigo mas eu não a ouvia. Vi-a vestir-se de tantas maneiras e despir-se de tantas outras. Agora que olho para trás, vejo que olhava mas não a vi-a. Que toda a beleza que ela tem, com o tempo, tornou-se indiferente aos meus olhos. Tomei-a por garantida. Estava certo que não ia passar um dia em que ela não me mandasse uma mensagem, me mandassem uma fotografia de algo que ela precisasse de ajuda ou me perguntasse se ainda a amava. Agora que penso, vejo que nunca demonstrei o suficiente, nunca me esforcei o suficiente, porque para ela o meu amor chegava e quando não chegou eu amendrontei-me. Não sabia o que fazer para conquistar uma mulher tão completa como ela. Fiquei sem rumo, dúvidei de mim mesmo e afastei-a. 

Ela sempre foi a mulher mais confiante que já conheci. Não se deixava ficar por ninguém. As únicas pessoas que se podiam, pelo menos igualar a ela, eram sempre melhor que ela. Creio que ela usava isso como técnica para nunca deixar de ser mais e melhor. As mãos tremiam, o estômago vomitava por ela saber que cada dia mostrava ser menos recíproco com ela. Amo-a igual a todos os dias, amo-a ainda mais todos os dias mas perdia o apetite por lhe dizer o mesmo todos os dias, "Eu também" dizia eu, "Eu não" demonstrava eu. 

Voltando atrás, vendo as nossas fotografias, a forma como ela me olhava, a maneira como ela me tratava, a intensidade como me amava questiono-me onde tinha a minha cabeça. Ela é claramente mais bonita, mais inteligente, mentalmente e emocionalmente, confiante, forte, independente, extrovertida, senhora do seu pequeno e empinado nariz, nunca virou costas a uma tempestade, como podia ela, a tempestade em pessoa virar costas e não lhe fazer frente. Consigo ouvir uma música quando ela anda, quando ela me vê, consigo ainda sentir o seu cheiro na minha almofada, o seu abraço no meu corpo, consigo ainda sentir o seu calor. 
A sua independência, a sua forma de ver a vida, a sua vontade insana de viver, assustou-me. Não pensei eu em outra vida se não a minha vida dentro da minha bolha, perto do meu conforto. Quando ela agitou o meu mundo, eu só quis voltar.

A verdade é que todos os homens têm medo de mulheres demasiado bonitas, demasiado confiantes. Têm medo de mulheres que marquem a sua presença quer estejam maquilhadas de vestido ou de calças casuais e de rabo de cavalo. Que saibam responder, ter afirmação. Eu não fui excepção. Ela é mais que tudo, porque tudo multiplicado por cem, não chega aos seus pequenos pés. 

Procurei as respostas fáceis, procurei o caminho mais fácil, por medo. Assim que ela me pediu que eu saísse da minha bolha, que corresse atrás dela, eu voltei-lhe as costas. Fugi e corri na direção oposta. Ainda me lembro que ela sorria para mim quando acordava, sinal que era feliz apenas por saber que estava ao lado dela. Fui cobarde, ao primeiro obstáculo não soube como reagir e apenas quis correr. Preferi assim, achando que seria a melhor escolha para os dois com a ideia que poderia ficar melhor com isso e talvez lucrar mais tarde, ser livre, solto mas não houve lucros para ninguém. Pensei que ia sentir-me diferente, pensei que ia sentir um alivio. E eu sinto tudo menos isso. Sinto falta dela, sinto falta dos cabelos que perdia em mim, sinto falta da sua voz, sinto falta das mensagens dela a questionar se ainda gostava dela, hoje respondia diferente, hoje fazia diferente. Não consegui lucrar, hoje só consegui partir um coração, desmanchar uma auto-estima enorme e baixar um nariz empinado. 

Tive uma mulher bonita e forte, não soube mantê-la então entrei em pânico, deixei-a e fugi.

O meu erro foi achar que era tudo melhor sem ela, podia sair, ter amigos e amigas, passar mais tempo em minha casa, passear, dormir mais ou menos, ser independente. Hoje vejo-me a fazer essas coisas todas que tanto ansiei fazer e apercebo-me que ela falta lá, que eu escolhi ter este vazio e isso mata-me. Apesar de achar a melhor escolha mando-lhe mensagem, a única coisa que consigo dizer é "Desculpa" porque nada mais me saí, o medo toma conta de mim e não me deixa dizer mais nada. O que hei eu de dizer a uma mulher confiante que já sabe tudo sobre si? O que hei eu de dizer a uma mulher que não precisa de mim para viver mas eu preciso dela? Sou um cobarde, sinto-me um cobarde. A cada mensagem de desculpa a tua voz silencia-se. A falta da tua resposta, tornou-se a maior ressaca da minha vida. Tremo, o meu coração bate à velocidade da luz. Não como mas bebo, emagreço e as gajas feias rodeiam-me cada vez mais. Estou numa espiral, cada vez maior e tu não me dás a mão, não te condeno pois fui eu que saltei para cá. Ninguém me empurrou, magoou ou me deixou. Eu deixei-me a mim mesmo.

Daqui a uns meses vou vê-la, o destino é fodido. Mais bonita que nunca, com um sorriso de orelha a orelha, uma gargalhada histérica. Uma roupa que se vê à distância, que realça todas as suas potências e uma maquilhagem simples mas que grita "Já esqueci o meu ex-namorado". Vou congelar e morrer.
Quando ela me vir, vai inclinar a cabeça e sorrir, como sempre fez. Caminhar até mim, colocar a sua pequena mão e encaixar no meu rosto, como sempre fez. Vou chorar sem me importar o local onde estamos, não imaginam o quanto eu esperei e quis aquela mão no meu rosto. No meio de tanto êxtase, lágrimas, amor e beijos para pôr em dia, espererei ouvir um "Vamos?", como sempre fez. Mas no final do seu sorriso mais bonito e seguro dir-me-á "Eu sei, não tem mal", como nunca fez. "

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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Admite!

Admite, sempre fui boa demais para ti.
Admite, não tens estofo para mim. Não tens inteleto para mim.
Admite, não consegues lidar com aquilo que tu não consegues agarrar.
Admite, eu ultrapassava todos os teus limites.
Admite, fazia-te sentir o que nunca tinhas sentido.
Admite, hoje sei que arruinei o teu ego e que não dormes sem pensares em mim.
Admite, nunca terás outro amor tão forte e sincero que não o meu.
Admite, que sempre tiveste medo de tudo o que eu sou capaz de alcançar e que tu nunca conseguirás acompanhar.
Admite, que sempre sonhei alto de mais para a tua mente pequena.
Admite, que nunca quiseste o que eu queria para o nosso futuro.
Admite, nunca fui eu aquilo que querias, servi apenas de boneca para usares.
Admite, que a única coisa que gostavas em mim era o facto de eu gostar de ti.
Admite.

Eu prometi, prometi; lembraste? Serei sempre o teu último pensamento; e sou mesmo. Decidiste deitar tudo fora por confusão e indecisão. Por medo e espaço mas mesmo assim ainda gostas de mim assim como no dia em que nos conhecemos, apaixonaste-te por mim por ambicionares tudo o que eu represento. Podias ter continuado comigo, podíamos juntos ter dominado o mundo e alcançado todos os nossos desejos mas preferiste usar-me e magoar-me. Não imaginas o quanto desejei que fosse mentira. Não imaginas o quanto pedi que fosse mentira. Não imaginas o que senti, ao perceber que não era mentira. A raiva que eu senti. A dor que eu senti.
Não se deve lutar contra algo que tem tanta força. Nunca vi ninguém lutar contra fortes marés ou ventos de fazer levantar casas. A raiva que dentro de mim se gerou, era capaz de bater, partir, chorar, matar, mas preferi guardar todo o sentimento dentro de mim e confrontar a verdade; aceitar que afinal o amor que tinhas não passava de uma dependência de que alguém gostasse de ti, que cuidasse de ti. Isso não é amor, é egoísmo. 
Desta vez não movi um centímetro mas como qualquer força extrema, deixei estragos por onde passei. Cravei o meu nome lá, congelei o meu nome lá e no final parti o meu nome de lá. Purguei e continuo a purgar todo o mau amor que me passaste. Purguei e continuo a purgar todas as memórias que temos. Purguei e continuo a purgar toda a raiva que tenho dentro de mim. Purguei e continuo a purgar toda a ausência que deixaste. Mas não te julgo cada um dá o que tem para dar. Cada um dá o melhor que tem, pena que nunca foi suficiente para mim. Pena que pouco não chega para mim. Pena que não quiseste sentir o teu auge. Pena que preferes o nada. Pena que preferes desistir. Pena que preferes ser fraco. Pena afinal à terceira não ser de vez. Pena...
Ontem fizeste-me crescer mais um pouco; e se ontem eu já era uma mulher, hoje sou uma guerreira, mais uma vez graças a ti. Não quero parecer ingrata e repudiar tudo o que aconteceu pois ainda hoje me ensinas a ser melhor, querer melhor, a ter melhor. Graças a ti, sei cada vez mais o que quero e o que eu sou. Mas se não sirvo para estar ao teu lado, então é porque pedes pouco. Pena...
Não te condeno porque sei que a única coisa que sentiste foi medo, por não saberes gerir o sentimento de estares a perder uma pessoa que te amou incondicionalmente, como eu o fiz. Pena...
Já outros diziam eu sou uma força da natureza e agora estou no chão a curar-me, a juntar todos os cacos que deixaste espalhados. 
Quando me levantar; o mundo que se prepare para mim porque eu estou preparada para o mundo. 

Mas como?

Ontem.
Não sei o que dizer, não sei o que pensar. Acho que prefiro deitar cá para fora as palavras para elas simplesmente desaparecerem com o vento que paira no ar.
Eu estava rodeada de 30 pessoas e não sabia como reagir. Eu estava numa sala cheia de gente pronta para festejar e eu estava pronta para morrer. Foi o que eu senti. Meu coração palpitou depressa demais, caí por terra como já à imenso não caia. Não sei o que dizer, não sei o que quero ouvir, prefiro estar calada e não ouvir nada sobre o que aconteceu. Prefiro estar no silêncio, no escuro, prefiro estar imóvel. Prefiro morrer.
É tudo tão duro, é tudo tão cruel. Porque não é diferente? Porque é que é assim? Eu tenho tantas questões às quais não tenho resposta e procuro por elas todos os dias. Incansavelmente não consigo encontrar respostas e isso deixa-me danada. Eu estou danada.
Eu não faço ideia como consigo gerir toda esta raiva e tristeza que tenho dentro de mim, como não explodi, como não choro, como não morro. Sinto-me cada vez mais sem alma, sem rumo, sem vida.
Eu já perdi, fisicamente, alguém que amo incondicionalmente e foi a pior experiência da minha vida. Perdi-me no mundo e demorei 10 anos para me encontrar. À um mês atrás, pediram-me que perdesse alguém, metaforicamente, da minha vida. Como eu posso fazer isso? Como eu posso simplesmente deixar de me preocupar, querer saber, querer ver, sentir, abraçar? Para quem já perdeu alguém para a morte, fingir que alguém morreu é tão horrível. É duro.
Não consigo explicar como isso é possível. Como? Não sei mas tenho.
Não sei onde vou buscar forças para fazê-lo. Como? Não sei mas tenho.
Não sei como é possível apagar alguém. Como? Não sei mas tenho.
Não sei como eu consigo apagar tudo o que aconteceu de bom. Como? Não sei mas tenho.
Tantas outras coisas que eu não sei como mas tenho. Eu só queria ter forças para fazê-lo. Eu não queria ser egoísta mas sou. Eu não quero magoar mas magoo. Eu tento mas isto mata-me. Como eu hei eu de matar alguém sem me matar também.
O meu coração tem uma brecha mas congelou e continua a congelar a cada vez que sei que vais partir e que terei de agir como se nunca existisses. Porque esquecer-te é impossível, porque esquecer-nos é impossível. Terei de me matar para que consiga, se for preciso, matarei.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Conformar-me sem o silêncio

Questiono-me. Onde andas tu? Todas as noites, quando me deito, questiono-me. Por onde andas, com quem andas, o que trazes em mente. Faço perguntas todas as noites, enquanto o sono não consome o meu corpo cansado. Sinto que estou a ficar perdida e maluca. Falo contigo como se estivesses ali. Escrevo mensagens como se as fosses ler. Conto-te como foi o meu dia, as minhas dificuldades, as minhas conquistas, os meus medos, como se conseguisses realmente ouvir. Crio esta ilusão para que consiga ser mais fácil para mim gerir isto tudo mas quando a realidade caí em mim e vejo que não estás ali para me ouvir, para me responder, o meu coração gela mais um pouco, parte mais um pouco o meu sorrio perde-se mais um pouco, a minha alma morre mais um pouco. Eu continuarei a fazer as mesmas perguntas e a ter a mesma atitude pode ser que algum dia respondas, dês sinal, te lembres de mim, da falta que te faço. Eu continuarei a tentar mesmo sem saberes, pode ser que chegue o dia em que tenham pena de mim e ao adormecer me vá embora deste sentimento. Pode ser que acorde e já não tenha mais perguntas. Pode ser que viva o dia com a certeza que chegou o fim. Pode ser que me mentalize que não queres saber e não te importas mais. Esse dia pode ainda estar longe mas eu sei que vai chegar. Só tenho pena que chegue porque ainda tenho tantas forças para lutar. Sinceramente sinto que tenho medo desse dia mais do que dos outros. Porque no dia em que acordar sem perguntas, morreste para mim.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

DOR

O teu sabor continua na minha boca, o teu aroma permanece no meu corpo, é tão estranho dizer isto sabendo que andas por aí à deriva, não sabes qual é o teu cais e talvez nunca o vás saber pelo andar que levas. Todas as cartas que escrevi para ti vão ser guardadas, talvez algum dia eu tenha coragem de te as mostrar uma a uma, um dia quem sabe. Torna-se tudo tão sombrio quando olho para o lado e vejo que tu não estás. Fiquei sem chão e hoje estou a tentar reconstruí-lo e a cada bloco que pouso e não vejo a tua mão perto da minha, arde.
O medo persegue-me, deixa-me quieta, surda e muda, não sei mais que fazer para o medo e o silêncio me deixarem falar. Está tudo tão vazio e absurdo, está tudo tão estranho sem ti aqui. Gostava tanto que voltasses, nem que fosse apenas para me dar apenas um beijo ou um abraço, sabes bem que me contentava apenas com isso. A cama está vazia, e sinto-a tão só assim. Queria ir-me embora, mas algo mais forte me diz para ficar... Queria partir-me mas algo mais forte diz para me segurar.
Gostava que tudo fosse claro como era. Tudo fosse simples como era mas cada dia que passa apercebo-me que a vida sempre foi assim eu é que a pintei de maneira diferente, infelizmente.
Quando fiz aquele texto sentido que te li, foram as palavras mais sentidas que alguma vez escrevi e hoje, ao ver que tudo o que escrevi era uma ilusão pateta que eu tinha de nós. Dói tanto saber que era apenas assim do meu lado. Dói tanto saber que hoje chego a casa e ouço apenas o bater do meu coração rasgado a ecoar pelo meu quarto vazio de ti. Dói tanto estar a atingir objectivos que apenas faziam sentido se tu estivesses lá, e não estás. Dói tanto estar no auge da felicidade mas eu não a querer porque a minha felicidade apenas faz sentido contigo do meu lado. Eu estava pronta para enfrentar o que fosse, a teu lado; sem ti fico apenas uma Joana qualquer. Gostava da Joana que era quando estavas perto. Hoje, tenho de reconstruir-me por completo e sem ti, isso dói.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Aguenta, por favor, aguenta

E foi assim que foi decidido isto ficar. Foi assim que decidiste fazer, foi assim que decidiste deixar o meu coração, foi assim que decidiste deixar a nossa história. Porquê? E eu aceitei isto. Eu compactuei com isto. Porquê Joana, porquê.
Foste embora e a cada passo teu é mais uma pegada que deixas em mim, Foste embora e a cada passo teu é mais um pedaço que quebras do coração. Foste embora e em cada passo teu é mais um rasgão no meu peito. Foste embora e a cada passo teu é mais uma pancada na alma que levo.
Foste embora e a cada passo teu mais um pouco de mim morre. Foste embora e a cada passo teu é menos um respirar que eu tenho. Foste embora e a cada passo teu é mais uma lágrima minha. Foste embora e a cada passo teu é mais um dia que aproxima a minha sentença. Então por por favor, corre. Corre e mata-me de uma vez.
Incendiaste o meu coração e foste embora. Não soubeste manter esta chama que lhe deitaste. Porquê é que lhe deitaste fogo então? Escreveste o teu nome no meio das cinzas para que eu nunca me pudesse esquecer. Para me relembrar constantemente que não sei fazer escolhas e que penso de mais do que faço. Vivo constantemente a programar as coisas e vivo-as como as programo. Porquê? Porque não me pediste para ficar quando a minha voz tremeu? Porque é que não me fizeste considerar? Porque não me fizeste mudar de ideias? Porque é que optas-te por fugir? Porque é que escolheste o mais fácil? Para que me deitaste fogo se no fim era para me ver arder? E dói. Dói. Pensei que a perda de alguém pela morte era a pior sensação mas com o tempo habituas-te, com o tempo conformas-te. Como posso eu matar alguém que para mim quer estar morto? Como posso eu fingir que alguém que eu amo está morto? Como me posso eu habituar a esta ausência?
Hoje existo, só existo e nem isso quero. Mas eu prometo que isto vai passar Joana, prometo que isto vai passar. Vais saber seguir em frente, vais saber moldar-te a esta situação.
Prometo Joana. Já sobreviveste a pior, saberás sobreviver a alguém que quis morrer para ti.
Prometo Joana. Aguenta mais um pouco Joana, prometo que não vai demorar muito mais que isto.
Aguenta, por favor, aguenta.

Se me arrependo de algo

Se eu me arrependo de algo? Talvez...
De algumas coisas que fiz. De demonstrar os meus sentimentos. De dizer palavras que não devia. De fazer escolhas erradas. Tantas outras coisas que questiono se foram bem decididas.
Agradeço à vida, porque apesar da pancada aprendi imenso. Aprendi quem foram as pessoas certas e erradas. Aprendi a conhecer-me melhor. Aprendi a conhecer os outros melhor. Aprendi a caractrizar uma pessoa pela sua maneira de estar, pelos seus gestos, pelo seu sorriso.

Se eu me arrependo de algo? Sim.
Arrenpendo-me do que não fiz, do que não disse, do que não escolhi, do que não senti, do que pensei e nunca disse ou escrevi, do beijo que nunca roubei, da viagem que nunca fiz, das mensagens que escrevi e nunca enviei, do orgulho que ocupa cada milímetro meu, das vezes que preferi sofrer do que fazer o que queria, do que decidi, das vezes que devia ter chorado, de tantas outras coisas.
Como provavelmente toda a gente. Eu sempre demonstrei força mas força é tudo  que não tenho.
Agora é tarde para eu fazer as coisas que não fiz, hoje em dia essas ações podem trazer consequências más. Se eu pudesse voltar atrás no tempo e fazer o que sempre sonhei e dizer coisas que eu tanto queria que se soubesse mas queria que tudo isso tivesse acontecido no tempo certo. No meu tempo, da minha maneira. Preferi que o tempo passasse e que a situação fosse consumindo cada parte do meu eu. Hoje estou destruída por algo que eu escolhi que fosse assim. Que todos os sentimentos fossem vividos a tempo certo e não, de certa forma, tudo de seguida. Tudo à pressa. Tudo rápido. Porque eu não quero que seja rápido, eu quero que dure. Eu queria que durasse mas não durou.
Há tantas perguntas que continuam sem resposta na minha cabeça. Há tanto que continua na minha cabeça. Há tantas possibilidades que não saem da minha cabeça.
Não há uma mensagem, não há nenhum contacto, não há respostas e isso magoa. Magoa não saber como estás, magoa saber que existes mas não estás ali. Magoa não conseguir fechar este sentimento horrível que tenho dentro de mim que me faz querer chorar a cada minuto do meu dia. Magoa estar constantemente a pensar neste assunto. Magoa existir. Posso pedir que me matem? Ou que simplesmente desliguem o meu cérebro. Queria tanto.
Os sonhos, sem dúvida que não são o nosso maior passaporte para a felicidade meus caros. Não estou a dizer que não se deva sonhar, apenas sonhem baixo, sonhem pouco. Porque os sonhos matam-nos, lentamente.
Há bastante tempo que não me sentia assim, com tantas incertezas do que quero na vida. Sempre ouvi dizer que a dor nos faz sentir mortos e tu, fizeste-me sentir morta, outra vez.
Obrigada.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A Tua Ruína

Este ano era especial, fazíamos a primeira viagem da nossa história. Pode parecer irónico mas tantos anos sem nos chatearmos e logo no nosso ano é que tínhamos de ter uma chatice à grande. Grande parte da culpa é minha, eu admito. Não soube gerir e segurar o que era meu, não soube lutar sem me cansar. Tenho medo de escrever hoje pois tenho imensa raiva dentro de mim. Tenho medo que as minhas mãos tomem conta delas mesmas e que escrevam tudo aquilo que me passa pela cabeça. Houve tanta coisa que deixaste para trás por medo, por incerteza, há tantas questões que queria ver respondidas para conseguir fechar este capitulo da minha vida. Sei que por mais que as pergunte a ti ou a outro não irei ter as respostas que procuro porque a vida é feita disto. Creio que te vais arrepender da decisão que tomaste e tenho pena porque sempre pensei que isto não seria algo a ter em conta nos teus pensamentos em relação a mim. Quero tanto explodir mas tenho medo de atingir o meu limite e não saber segurar o que digo. Quero matar a nossa história, quero matar o nosso amor, quero matar o dia em que decidi que eras o tal. Quero meter tudo dentro de um saco e enterrar bem fundo. Quero que isto tudo seja uma mentira, quero que estas palavras que digo de raiva, sejam só isso, palavras. Porque no dia em que elas começarem a ser ações quer dizer que isto é real e eu só quero que isto seja uma grande brincadeira da qual nos íamos rir daqui a uns anos. Mas não é. 
Tenho um temperamento tão mau. Já não tolero. Não te quero ver. Não te quero ouvir. Não quero as tuas palavras confortantes que tanto dizes para me fazer sentir melhor com a pior situação da minha vida. Não quero as tuas palavras. Não quero a tua presença. Não quero a tua amizade. Não quero o teu olhar. Não quero o teu cheiro. Não quero o teu sorriso, o teu riso. Não quero mais nada. Quero que me deixes em paz, quiéta, em sossego no silêncio.
Sei que te vais lembrar muito de mim, como não lembrarias. Sei que que te vais odiar por teres escolhido isto para nós. Sei que vais chorar todos os dias. Sei que vais comer pouco. Sei que vais ter dificuldade a sair da cama. Sei que vais sofrer. Porque sei que tomaste uma decisão errada.
Eu vou ficar pior mas com o tempo eu vou viver, vou respirar, vou aproveitar, ouvir, descansar e pegar em todos os pedaços que estilhaçaste do meu coração e colocá-los dentro da caixa de onde nunca deviam ter saído e deixá-lo curar-se. Vou garantir que mais ninguém entra no meu coração como tu o fizeste e vou garantir que mais ninguém o parte como tu fizeste.
És ingrato e fraco, nunca hás-de ter a coragem que eu tive, nunca hás-de amar e nunca hás-de ter mais alguém como eu. 
Quando tu finalmente vires isso, será a tua ruína.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Quero matá-lo mas não consigo

Sinto que estou anestesiada e já não penso. Nos breves momentos em que consigo pensar em alguma coisa, a realidade rapidamente cai em mim e penso que já não és meu... A minha cabeça começa a pensar em tanta informação ao mesmo tempo que consigo explicar detalhadamente o que significa ela explodir. 
Não te quero perder para sempre, não quero que vás para sempre, fica mais um pouco. Fica mais um dia, dois ou três. Fica os dias necessários, podes até ir e voltar mas volta para mim como sempre voltaste. Volta para mim com esse sorriso no rosto de alegria extrema, de coração cheio e de brilho nos olhos. O que eu mais quero é que voltes para mim, digas que tudo isto não passou de uma brincadeira ou um teste ao nosso amor. O que eu mais quero é que compreendas que somos nós. Somos um céu e apesar da distância estamos aqui, estamos juntos. 
Cada vez que penso que te irei perder para sempre e nunca mais te vais lembrar de mim, perco-me. O meu coração começa a ficar apertado, acelerado; as minhas mãos gelam, começo a tremer da cabeça aos pés e a perder a minha alma. Sinto-a, de facto, a sair do meu corpo por breves instantes a querer desistir de mim. 
Sinto que nada na minha vida faz sentido porque tudo me lembra de ti e eu não te tendo, não tenho nada, Eu não suporto dormir no meu quarto porque me lembro que juntos escolhemos todos os móveis que ele tem, as cores que ele tem, os desenhos que ele tem, as luzes que ele tem. Não consigo ir às compras, porque todos os supermercados da zona eram visitados contigo. Não consigo sair à rua e passar pelas estradas em que nós passeamos. Não consigo ir jantar fora para me distrair porque já experimentamos todos os restaurantes que existem. Não consigo pensar em viajar porque todas as viagens que já fiz foram ao teu lado e todas as que programei eram para fazê-las contigo. Não consigo imaginar num futuro a dois porque neste momento sou apenas um e o outro lado simplesmente desapareceu e não há outro alguém, não quero que haja outro alguém. Não consigo pensar se quero continuar a seguir o meu sonho porque ele já não faz sentido se tu não existires nele. Não consigo ir ao cinema sem me fartar ao fim de cinco minutos porque olho para os lados e não és tu que estás a comer pipocas. Não consigo ouvir música porque todas as músicas que ouço me remetem a ti e as que não o fazem, transpiram o sentimento que tenho e isso faz-me querer desaparecer. Não consigo concentrar-me em algo porque isso significaria que tinha de pensar e assim que começo a fazê-lo tenho de acordar o meu cérebro e terei de pensar em ti e neste momento sinto que consigo fazer qualquer coisa para o calar. Não consigo comprar roupa (que sempre tanto amei) porque não quero existir, não quero ter de abrir os olhos e acordar para esta realidade onde tu não estás. Recuso-me a ouvir o teu nome porque tenho medo que isso me parta, eu que sempre verguei mas nunca parti.
Quero tanto matar isto sem me matar a mim primeiro mas cada dia que passa, sinto que isso está a tornar-se impossível. Sinto que é impossível.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Apagando tudo a meu tempo

Apagar A fotografia, apagar textos, apagar comentários, apagar memórias. Tudo isto já se estava a tornar inevitável. Tornar tudo passado, está a torna-se mais difícil a cada dia que passa... Cada vez que apago algo, o meu coração arde; a minha alma treme e sente-se frágil, gasta. Mas por ti, não há volta a dar e eu tenho de seguir esse caminho, forçada e arrastada pelas tuas escolhas.
Tudo o que já fizemos, com tudo o que dissemos e passamos nunca esperei que este fosse o nosso final. Nunca esperei ter de apagar tudo. Eu não quero apagar nada e é isso que me custa tanto. A tua indiferença para com esta situação ainda torna tudo pior. É tão duro veres que tu sentes tanto e a pessoa não sente nada. Eu ando congelada, eu ando apática porque eu não sei como reagir a esta situação toda. Como lidar com a tua distância e afastamento desnecessário e forçado. Nós podíamos ter resolvido esta distância se esse fosse o teu querer, chateia-me tanto que não seja. Sempre disseste que nós conseguiamos tudo, que nós, assim como outros casais também iamos passar esta má fase se assim o quisessemos, que iamos saber lidar; ajudar-nos mutuamente para que conseguissemos sobreviver a isto e tu preferiste fugir e quem não queria fugir eras tu.
No final disseste-me que devemos seguir os nossos próprios conselhos, quando começas a seguir os teus? Disseste que me ias segurar sempre e ao primeiro obstáculo empurras-me. Disseste que ias manter-me perto porque era o que mais querias, diz-me o que mudou em 24h. Disseste que os casais têm discussões e que têm de as resolver, porque não me ajudaste a resolver a nossa discussão? Tanta coisa se passou e nada resolvemos, decidiste optar pelo caminho mais fácil. Pelo pior caminho.
Estou a entrar numa fase em que estou farta de empurrões, pontapés e arranhões. Lentamente sei que me vou despedir de ti, fingir que morreste para não ter vontade de correr mais atrás de ti.
Portanto, hoje começo a despedir-me de ti, deixando para trás o teu nome, as tuas coisas, as nossas fotografias, os nossos momentos, os nossos textos, as nossas mensagens, as nossas viagens, as nossas brincadeiras, as nossas noitadas, os nossos jogos, as nossas palavras, o teu cheiro, o teu abraço onde eu encaixava tão bem, o teu olhar, o teu rosto onde a minha mão sabia encaixar automaticamente, as tuas mãos, a nossa história, as minhas memórias.
Apagando, a meu tempo tudo o que puder, até não restar nada.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Estou a matar a esperança aos poucos

Todos os dias acordo atordoada. Acordo e olho para o lado e vejo que não estás ali está e fecho os olhos novamente para que consiga esconder esta minha nova realidade, para pedir que eu esteja apenas a ter um pesadelo. Ouço um carro com o mesmo som que o teu, corro para me levantar e peço com todo o meu ser que sejas tu que lá estás, como sempre feziste, sair do carro a olhar para a minha janela e a sorrir porque me viste. Ao chegar perto da janela, o meu coração caí, decepciono-me. Não é o teu carro, não és tu. Não temos contacto e eu morro por não saber como estás. Morro por não saber se tens comido bem, se tens conseguido ir trabalhar, se tens conseguido dormir bem, se continuas a fazer as mesmas coisas... Ainda passou tanto tempo mas a minha cabeça, cheia de medos, confusa e completamente ofuscada pela dormencia da dor parece que já passaram eternidades, talvez por saber que o tempo cura tudo e por querer sorrir com vontade novamente. Hoje, vivo fora do meu corpo, como se alguém se tivesse apoderado dele, tomada conta dele e eu me visse a fazer a minha rotina. Perdi a vontade de viver. Perdi a vontade de ser quem sou. Não quero ir a lado nenhum porque todos os cantos me relembram de ti. Não quero ouvir música porque todas as músicas me lembram de nós. Não quero olhar-me no espelho porque já não te vejo também. Não consigo sentir vontade de fazer coisas que outrora me deixavam feliz. Não quero ter mais alegria na minha vida porque toda a minha alegria estava contigo e se já não te tenho então prefiro nunca mais ser feliz. Estes dias tenho vivido dormente, sou um robot, não consigo deixar de estar formatada porque a sociedade pede que esteja. Tenho medo de acabar por perder os poucos amigos que me restaram, tenho medo que eles se cansem de me tentar animar e que para eles seja uma causa perdida... Queria tanto acreditar que esta dor vai passar mas como ela pode passar que cada dia, que estás mais distante de mim, dói mais? Cada dia que passa eu imagino-te a ires para mais longe. Como hei eu de sobreviver a isso? Como hei eu de respirar finalmente? A minha mente está tão barulhenta e eu estou tão calada, eu tenho medo deste silêncio. Desta frieza que eu crio que eu deixo apoderar-se de mim. Tenho medo que eu mate a única coisa boa da minha vida, o meu amor por ti.

domingo, 13 de outubro de 2019

Impossível

Afastados. Foi este o final que decidiste dar à nossa história. Decidiste acabar tudo sem uma única palavra, sem uma explicação. Afastaste-me e esqueceste-me. Agora, tudo o que éramos, para ti, não é nada se não passado. Seguiste a tua vida, estás com outras pessoas e és feliz. Não te julgo por isso, até acho bem porque secalhar seria o mesmo que eu faria, se estivesse na tua situação. Apesar de querer odiar-te, não consigo. Foste o primeiro que me fez acreditar que uma história apesar de turbulências poderia ter um final feliz... E agora? Bem, agora só acredito que eu e tu somos passado, mas o teu passado, porque para mim ainda estás tão presente. O que nós queríamos ainda está tão presente. Porque o meu presente é todo ele vivido a pensar no que ficou para trás, no que quiseste disistir tão facilmente. Dos infinitos momentos que juntos partilhámos, nas infinitas tardes a conversar, nas mensagens trocadas, nas palavras ditas, nos abraços sentidos, nos beijos pedidos, nos gestos praticados e nos olhares encontrados. És o meu passado, és o meu presente e és definitivamente uma peça fundamental na minha vida para o meu futuro. Contigo é que está a minha felicidade e desilude-me ver ao ponto a que isto chegou, desilude-me que tu não me deste espaço para tentar. Mas tu não cooperas, não queres cooperar pois tu já à muito que tinhas tomado esta decisão. Pois para ti já nada é igual como nas primeiras vezes, nunca será pois eu sempre quis que fosse tudo diferente, tudo melhor; tudo como queríamos. Mas agora apenas queres-me longe da tua vida e o teu silêncio apenas prova as minhas teorias. O meu passado tem consigo momentos que contigo passei. Todos eles. Eu quero voltar a vivê-los mas fazer tudo de maneira diferente e agarrar-me para sempre à minha vida, tu. Mas, és um ser humano e és livre de puder escolher não ter-me na tua vida e isso arde tanto. Eu nunca podia aprisionar-te ou pressionar-te a que me quisesses, mesmo que isso trouxesse a minha felicidade plena. Quero poder recordar todas as tuas palavras, todos os momentos juntos sem a presença de qualquer lágrima, mas é impossivel. Prefiro morrer ao tornar isto uma memória, porque eu não quero fazer de ti alguém que teve a sua pegada na minha vida, eu queria que fosses a minha vida. Pensei que isto estava tão longe da realidade, nunca pensei neste final para nós, porque o final que mais queria e ansiava eramos nós os dois, com mantas no colo a ver os nossos netos a darem os primeiros passos. As coisas que aconteceram são tão absurdas que o mais absurdo foi acreditar num final feliz, desculpa-me se achei que fosse realmente possível. As nossas fragilidades estavam bem visiveis todos os dias da nossa relação e eu sempre as ignorei tão bem, foi o maior erro da minha vida. Apesar de seres o meu passado, viveres no meu presente e caminhares para o teu futuro agora vejo que vivi uma ilusão. Que andei este tempo todo iludida porque algum dia pensei que fosse possível gostarem de mim.

sábado, 12 de outubro de 2019

Vem, por favor.

Isto é mais forte que eu, a saudade, a mágoa, os dias frios, escuros e tristes, tudo isto é mais forte. Não consigo não sentir, hoje tudo me transborda pelo corpo, a minha cabeça está pesada de falsos pensamentos, ou então verdadeiros. Já não sei nada, estou confusa perdida, e não consigo sequer pensar positivo. Dói, dói-me tudo, estou surda de ouvir os gritos que o meu coração dá quase implorando para que tu digas uma palavra que seja. Nunca pensei que isto se torna-se assim, nunca pensei que isto se torna-se tão difícil e tão estranho. Agora pensa, pensa bem, já não te peço que voltes, porque não posso obrigar ninguém a voltar. Mas pensa, pensa bem no que queres. Acha o teu rumo, por mais que eu quisesse que fosse na minha direção, eu não fico chateada se não o for. Não sou egoísta mas não me peças para não sofrer, não me peças para não chorar e gritar porque é tudo o que eu mais quero fazer. Se eu conseguisse eu calava-me, eu matava este sentimento. Se eu conseguisse. Se eu conseguisse seria a ira em pessoa mas neste momento apenas consigo ter uma máscara que tapa toda a tristeza e raiva que o meu coração carrega e ser a calmaria em pessoa. Só te peço que sejas tudo o que queres ser e que mesmo que eu não esteja presente que alcances tudo o que o teu eu deseja porque essa seria a minha maior felicidade. Só quero que penses e que não tardes a fazê-lo, porque pior que uma má decisão; é uma indecisão.